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16/11/2023
O que a mudança climática significará para a uva Pinot?
Temperaturas elevadas podem influenciar a qualidade das uvas Pinot Noir durante o amadurecimento, o que tem grandes implicações diante das mudanças climáticas. É o que aponta um estudo realizado na Lincoln University, liderado pelo Bragato Research Institute
O trabalho conduzido pela equipe da Lincoln, que inclui Dr. Romy Moukarzel, Dr. Amber Parker, Dr. Olaf Schelezki e Professor Brian Jordan, oferece insights críticos sobre os impactos das mudanças climáticas para a produção de Pinot Noir no futuro.

O Dr. Romy Moukarzel disse que o principal objetivo da pesquisa era investigar como as mudanças de temperatura em ambientes controlados impactavam o rendimento e a qualidade da uva Pinot Noir.

“A produtividade da videira e a qualidade das bagas são altamente dependentes da temperatura, o que pode afetar a adequação das variedades para as regiões de cultivo. Os efeitos das mudanças climáticas já foram observados nas últimas décadas, com datas de colheita anteriores ocorrendo quando as temperaturas aumentaram significativamente.”

A modificação do microclima durante o amadurecimento das uvas permitiu aos pesquisadores explorar os impactos das mudanças climáticas no acúmulo de metabólitos primários e secundários.

“Este é o primeiro estudo a fornecer uma análise detalhada de aminoácidos individuais e fenólicos em Pinot Noir em resposta a mudanças de temperatura durante o amadurecimento”, destaca o Dr. Moukarzel.

Foi demonstrado que uma temperatura mais alta aumenta os aminoácidos, indicando possíveis mudanças nas características do Pinot Noir, uma vez que os perfis de aminoácidos podem estar intimamente ligados ao aroma de um vinho. Em alguns casos, isso pode gerar um resultado positivo.

“Ter aminoácidos específicos elevados nos estágios iniciais da fermentação pode produzir vinhos com boa complexidade e sensação na boca”, afirma o Dr. Moukarzel. “No entanto, qualquer alteração na composição de aminoácidos pode influenciar o crescimento e a fermentação da levedura, afetando a qualidade do vinho”.

O aumento das temperaturas também demonstrou ter um efeito negativo nas antocianinas, importantes para a cor do vinho, o que pode ser prejudicial para a percepção da qualidade do vinho em climas quentes.

As condições mais quentes não afetaram o rendimento das uvas nem causaram perdas de água, pois as videiras foram irrigadas, pelo que a água não foi um fator limitante.

“Embora este estudo tenha fornecido informações interessantes sobre o impacto do aumento das temperaturas na qualidade da Pinot, são necessários experimentos futuros para avaliar o acúmulo de aminoácidos em altas temperaturas em combinação com o estresse hídrico”, alerta Moukarzel. “Um número complexo de fatores ambientais e biológicos determinam a concentração de metabólitos nas uvas, e estamos apenas começando a desvendar essas interações no contexto das mudanças climáticas.”

Fonte: Winetitles Media
 

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