Blog Meu Vinho

20/05/2024
Enchentes no Rio Grande do Sul: Impacto na Produção de Uvas e Vinho
Desafios e Adaptações do Setor Vitivinícola Frente às Inundações
O Rio Grande do Sul, responsável por pouco mais de 60% da produção de uvas no Brasil, enfrenta desafios após enchentes e inundações causadas pelas fortes chuvas no início do mês. Segundo dados do IBGE de 2022, metade da produção de uvas do estado é destinada ao consumo "in natura", enquanto a outra metade é voltada para a fabricação de sucos, vinhos e espumantes, tanto artesanais quanto industriais, abastecendo o mercado nacional.

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS Ascar), ligada ao governo estadual, estima que 500 hectares de videiras foram comprometidos pelas enchentes. Esse número representa pouco mais de 1% dos 46,8 mil hectares de videiras no estado, conforme levantamento do IBGE de 2022. Luís Bohn, adjunto da gerência da Emater-RS, explica que ainda é difícil fornecer números precisos, pois a chuva persiste. "O que podemos fazer é dar uma prévia, com base em conversas com produtores locais. A tendência é que esse dano seja absorvível pelo setor, com incremento de produção, tecnologia e crescimento de área de plantio", afirma.

Vai Faltar Vinho e Suco de Uva?

Inicialmente, a resposta é não. A safra de uvas, colhida entre dezembro e março, já estava no fim quando as tempestades começaram. No entanto, fatores como estradas obstruídas podem atrasar o transporte das frutas e dos produtos pelo país. Para a próxima safra, o impacto ainda é incerto, pois os produtores não conseguiram avaliar completamente suas propriedades, a situação das vinhas remanescentes e o solo encharcado.

Caso vinhas antigas tenham sido danificadas, o replantio pode atrasar a próxima colheita. Maurício Bonafé, engenheiro-agrônomo e gerente Agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora, explica que o tempo médio para que um parreiral comece a produzir uvas plenamente é de cerca de três anos. Além disso, o custo de novas plantações é elevado. Bonafé estima que cada novo hectare pode representar um investimento de até R$ 150 mil, dependendo da variedade plantada, que varia entre americanas e híbridas (para suco e vinhos de mesa) e viníferas (para vinhos finos).

Prioridade é Cuidar das Famílias

A Cooperativa Vinícola Aurora, uma das maiores produtoras do país, divulgou um comunicado enfatizando que o foco atual é atender às famílias atingidas pelas enchentes, garantindo sua segurança e atendendo às suas necessidades básicas. Apenas após essa etapa haverá uma avaliação dos impactos materiais e seus reflexos nas questões produtivas e logísticas.

Diante desse cenário, o setor vitivinícola do Rio Grande do Sul demonstra resiliência e capacidade de adaptação, embora desafios significativos permaneçam à frente. O esforço conjunto entre produtores, cooperativas e autoridades será crucial para mitigar os danos e garantir a continuidade da produção de uvas, vinhos e sucos no estado.
 

Receba ofertas exclusivas: Siga nossas Redes Sociais: