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29/05/2024
A IA pode dizer de qual castelo os vinhos de Bordeaux vêm com 100% de precisão
Um algoritmo de aprendizado de máquina foi capaz de dizer de qual propriedade vieram 80 vinhos tintos de Bordeaux com 100% de precisão, avaliando suas assinaturas químicas
Os vinhos ganham realmente uma identidade distinta pelo local onde as uvas são cultivadas e o vinho é produzido, de acordo com uma análise dos vinhos tintos de Bordeaux.

Alexandre Pouget, da Universidade de Genebra, na Suíça, e seus colegas usaram aprendizado de máquina para analisar a composição química de 80 vinhos tintos de 12 anos, entre 1990 e 2007. Todos os vinhos vieram de sete propriedades vinícolas na região de Bordeaux, na França.

“Estávamos interessados em descobrir se existe uma assinatura química específica para cada um desses castelos, independente da safra”, explica Pouget, o que significa que os vinhos de uma propriedade teriam um perfil químico e, portanto, sabor muito semelhante, ano após ano.

Para fazer isso, Pouget e seus colegas usaram uma máquina para vaporizar cada vinho e separá-lo em seus componentes químicos. Esta técnica deu-lhes uma leitura para cada vinho, chamada cromatograma, com cerca de 30.000 pontos representando diferentes compostos químicos.

Os pesquisadores usaram 73 cromatogramas para treinar um algoritmo de aprendizado de máquina, juntamente com dados sobre os castelos de origem e o ano. Depois testaram o algoritmo nos sete cromatogramas que haviam sido retidos.

Repetiram o processo 50 vezes, trocando os vinhos utilizados a cada vez. O algoritmo adivinhou corretamente o castelo de origem em 100% das vezes. “Poucas pessoas no mundo serão capazes de fazer isso”, acredita Pouget. Também foi cerca de 50% preciso ao adivinhar o ano em que o vinho foi feito.

O algoritmo conseguiu até adivinhar a propriedade quando foi treinado usando apenas 5% de cada cromatograma, usando porções onde não há picos notáveis em produtos químicos visíveis a olho nu, explica Pouget.

Isso mostra que o sabor e a sensação únicos de um vinho na boca não dependem de um punhado de moléculas-chave, mas sim da concentração geral de muitas, muitas moléculas, relata Pouget.

Ao traçar os dados do cromatograma, o algoritmo também conseguiu separar os vinhos em grupos mais parecidos entre si. Agrupou os da margem direita do rio Garonne – chamados vinhos Pomerol e St-Emilion – separadamente daqueles das propriedades da margem esquerda, conhecidos como vinhos Medoc. É praticamente possível ver o rio nos dados, afirma Stéphanie Marchand-Marion, membro da equipe da Universidade de Bordeaux, na França.

O trabalho é mais uma prova de que a geografia local, o clima, os micróbios e as práticas de produção de vinho, conhecidas em conjunto como terroir, conferem um sabor único ao vinho. No entanto, os produtos químicos precisos que estão por trás de cada vinho não foram analisados neste estudo.

“Está realmente chegando perto da prova de que o local de cultivo e produção realmente tem um sinal químico para vinhos ou castelos individuais”, diz Barry Smith, da Escola de Estudos Avançados da Universidade de Londres. “Os compostos químicos e suas semelhanças e diferenças refletem esse conceito indescritível de terroir.”

Fonte: New Scientist
 

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