Vinhos de Bordeaux com uvas novas mantêm o sabor clássico
Blends tintos com variedades de uvas incomuns misturadas foram julgados por manterem sua “tipicidade” em um novo estudo que analisou alternativas às uvas tradicionais como uma forma de ajudar os produtores de vinho a se adaptarem às mudanças climáticas
Dois júris profissionais provaram diferentes versões de um vinho Bordeaux clássico que incorporou uma das cinco variedades de uva do sudoeste da França, um cruzamento da década de 1950 e uma uva portuguesa.
Os resultados sugeriram amplamente que não houve grande impacto na "tipicidade" regional dos vinhos quando novas uvas foram incluídas em até 30% da mistura, de acordo com o estudo publicado no periódico OENO One em 2025.
"A tipicidade de Bordeaux nunca foi drasticamente afetada", escreveram os pesquisadores, embora a mistura de referência clássica tenha sido "a mais típica" dos 11 vinhos degustados.
"Este estudo é um passo em direção à potencial introdução das cinco variedades não autóctones estudadas à mistura clássica de Bordeaux."
Apenas certas variedades de uva podem ser usadas em vinhos comerciais com nomes de denominação. No entanto, os produtores de vinho de Bordeaux estão experimentando novas uvas como uma possível maneira de se adaptar às mudanças climáticas, mantendo o caráter regional de seus vinhos.
Como os vinhos foram testados
O estudo mais recente se baseia em pesquisas anteriores que identificaram cinco variedades não-Bordeaux de 26 que têm gosto semelhante às uvas clássicas de Bordeaux: Fer Servadou, Duras, Manseng Noir, Vinhão e Arinarnoa.
Essas cinco variedades foram misturadas em um vinho Bordeaux clássico em proporções de 10% e 30%, relatou o estudo, que incluiu Marc Plantevin, do Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola, Alimentar e Ambiental da França (INRAE), como autor correspondente.
Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot foram as uvas "clássicas" que compunham a mistura.
Um painel de 37 juízes profissionais provou os 11 vinhos resultantes, incluindo o vinho de referência, seguido por degustações com um segundo grupo de 20 juízes com média de 18 anos de experiência em Bordeaux.
As degustações ocorreram no Château La Tour Carnet em St-Laurent-Médoc, que administra duas parcelas de variedades de uvas experimentais.
O primeiro painel descobriu que a tipicidade de Bordeaux dos vinhos quase não mudou, exceto para Vinhão quando incluído em 30%.
O segundo júri descobriu que Fer Servadou e maiores proporções de Manseng Noir ou Vinhão levaram a uma diminuição significativa da tipicidade. No entanto, os autores do estudo disseram que isso deve ser visto "em um continuum estreito de vinhos mais ou menos típicos".
Mais estudos são necessários, mas eles escreveram: "Este resultado permite que sua introdução legal na mistura varietal de Bordeaux seja considerada".
Arinarnoa foi uma das seis "novas" variedades de uva aprovadas para uso experimental nas denominações Bordeaux e Bordeaux Supérieur em 2021.
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Dois júris profissionais provaram diferentes versões de um vinho Bordeaux clássico que incorporou uma das cinco variedades de uva do sudoeste da França, um cruzamento da década de 1950 e uma uva portuguesa.