Blog Meu Vinho

23/08/2007
Vinho brasileiro agrada cada vez o mercado mundial
Muito além da cachaça e do café, há outra bebida brasileira pintando em prateleiras estrangeiras: o vinho. Sem tradição e nome de peso na praça, os vinhos brasileiros vêm mudando de cara, e de sabor, e se tornando cada vez mais presentes no grande mercado mundial do produto, dominado pelos tradicionais países vinícolas como França e Itália e pelos mais novatos como Chile, Austrália e África do Sul. Em 2006, foram 3,4 milhões de litros exportados, gerando um faturamento de US$ 3,15 milhões. Para se ter uma idéia, em 2003 esse valor foi de US$ 672 mil. Grande parte da produção brasileira de vinhos, 80%, ainda está concentrada no Rio Grande do Sul, onde existem mais de 600 vinícolas. Mas o Vale do São Francisco, entre Pernambuco e Bahia, também vem despontando como uma forte região vinícola.

Para divulgar o vinho brasileiro no exterior e aumentar as vendas externas, um grupo de produtores se uniu à Agência de Promoção das Exportações e Investimentos do Brasil (Apex) em 2002 e criou o selo Wines From Brazil. As 20 empresas que pertencem ao grupo foram responsáveis por 50% das exportações de vinho em 2006. Segundo Julio Gobatto, um dos responsáveis pelo projeto, o acordo com a Apex prevê que mais vinícolas participem do selo, para dar mais consistência às exportações do setor. O Wines From Brazil ajuda a divulgar o produto nacional em feiras e degustações no exterior. Para ganhar o cliente internacional, o projeto aposta no viés exótico que o vinho brasileiro tem.

"O consumidor tradicional se cansou dos vinhos de sempre, não à toa a procura por vinhos de países como Austrália, Nova Zelândia e África do Sul cresceram tanto nos últimos anos", diz a portuguesa Marta Agoas, enóloga responsável pela ViniBrasil, empresa criada em 2003 a partir da parceria entre a importadora Expand e a vinícola portuguesa Dão Sul. "Desde que tenha qualidade, o que essas pessoas querem mesmo é provar o diferente".

Nesse sentido, a ViniBrasil apostou duplamente no exótico: foi plantar suas uvas no Vale do São Francisco, em pleno árido nordestino, lugar onde, em tese, é quente demais para se produzir uvas para vinho. Desde o começo dessa década, no entanto, a região vem provando que tem sim vocação para região vinícola. Não só a ViniBrasil se fixou ali como tradicionais vinícolas gaúchas. A Miolo, por exemplo, chegou por ali em 2000. O vinho ajudou o Vale a se consolidar como um dos mais promissores pólos econômicos do país, que tem na fruticultura irrigada seu principal negócio. A economia desse pedaço de Brasil, onde vive 1,6 milhão de pessoas, gira em torno R$ 1,2 bi ao ano.

Quando foi criada, a ViniBrasil já tinha como meta o mercado externo. "Começamos pensando em exportação porque o estrangeiro é muito mais aberto à novidade", explica Marta. "Existe um preconceito muito grande do brasileiro em relação ao vinho nacional". Mas isso está mudando, diz ela. Prova disso é que as vendas do Rio Sol, o principal produto da casa, não param de crescer no mercado interno. "Depois que ganhamos prêmios lá fora e que até o New York Times fez uma matéria sobre a gente, o consumidor nacional começou a olhar nosso produto com outros olhos." A empresa tem como meta para 2007 uma produção de 1,5 milhão de litros, desse total, 42% vai para exportação. Os principais compradores são os Estados Unidos, a Inglaterra, a Bélgica, Angola e a Itália.

No entanto, não foram somente as críticas estrangeiras que fizeram o brasileiro mudar de idéia. O vinho nacional de fato melhorou. As vinícolas apostaram forte em pesquisa e tecnologia para poder diversificar o produto oferecido ao consumidor. A Miolo investiu R$ 90 milhões em tecnologia nos últimos oito anos. E foi além: conta com a consultoria do enólogo francês Michel Rolland para a elaboração de novos produtos. Com essa preciosa ajuda, surgiram vinhos finos como o Quinta do Seival e o Cuvée Giuseppe.

A Miolo faturou US$ 649 mil com exportação em 2006 e é a maior exportadora de vinhos brasileiros. Hoje, 19 países importam da Miolo, que tem um variedade de 60 produtos. A busca por um lugar à mesa internacional começou em 2003, quando a empresa exportou 48 mil garrafas. Naquele ano, as vendas externas representaram 1% do faturamento da empresa, hoje, já representa 7%.

Em 2006, seguindo uma tendência mundial, a empresa ganhou um novo nome: Miolo Wine Group, resultado de parcerias com outras empresas nacionais e internacionais, como a chilena Via Wine e a espanhola Osborne. Ou seja, não são apenas os consumidores estrangeiros que estão apreciando o vinho nacional. As empresas estrangeiras também já perceberam que as terras brasileiras são mesmo muito férteis.
 

Receba ofertas exclusivas: Siga nossas Redes Sociais: