Universidade usa cegos para melhorar vinho na Espanha
A Universidade de La Rioja está usando cegos em um projeto que visa melhorar a qualidade do vinho produzido na tradicional região vinícola da Espanha.
De acordo com o professor de Enologia Gonzalo Gonzalo, os deficientes visuais conseguem detectar problemas de aroma e paladar mais cedo do que máquinas que usam processos químicos tradicionais.
Isso permite que as imperfeições do vinho seja corrigidas antes, melhorando o resultado final.
"Não é que os cegos tenham os sentidos mais desenvolvidos. O que acontece é que, ao ter que suprir a falta de um deles, eles acabam se concentrando mais nos outros", disse à BBC Brasil Gonzalo, co-autor do projeto.
"Se você quiser se concentrar para ouvir uma música, por exemplo, fechando os olhos vai conseguir focar seus sentidos ali. Assim é como funcionam os sentidos dos deficientes", completou o professor.
Por acaso
O método foi descoberto por acaso nos laboratórios da universidade, quando um professor convidou um amigo cego para um teste de vinhos.
Os pesquisadores notaram, então, que o cego definia os picos de intensidade de aroma de cada vinho antes e com mais detalhe do que os processadores convencionais.
Atualmente, duas turmas de cegos participam dos processos de avaliação das características do vinho.
"A intenção é que os cegos cheguem a elaborar vinhos baseando-se nos processos químicos combinados com seus instintos", explicou Gonzalo.
Os pesquisadores também descobriram que mulheres cegas têm mais facilidade para as análises químicas dos vinhos, por terem o olfato mais aguçado do que os homens, sobretudo em em dias de ovulação e durante a gravidez.