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Atividade suplementar à venda de vinhos deve registrar pela primeira vez a marca de 200 mil visitantes
O Rio Grande do Sul é responsável por 90% da produção dos vinhos nacionais. O Estado tem mais de 700 vinícolas e, em 2009, cerca de 430 milhões de litros de vinhos, sucos e outros derivados da uva foram produzidos na região. Com a fama, alguns produtores desenvolveram o enoturismo, modalidade de atração de turistas que tem a bebida como grande chamariz. E o enoturismo no Estado está em franca ascensão.
Rota
Em 2009, o enoturismo na região conhecida como Vale dos Vinhedos atraiu 182 mil pessoas, segundo dados da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). O número foi quase 20% maior que o do ano anterior, quando a atividade atraiu 153 mil turistas. O enoturismo não é uma atividade-fim, mas uma ferramenta para que os produtores estimulem a venda de vinhos. Se o desempenho previsto para a alta temporada se repetir ao longo de 2010, o número de visitantes pode passar de 200 mil este ano.
No do Vale dos Vinhedos (RS), constituído por 15 cidades da Serra Gaúcha, a estimativa é que 85 mil visitantes passem pela região entre junho e agosto deste ano, alta de 15% na comparação com o mesmo período de 2008, quando foram recebidos 77 mil turistas.
A Casa Valduga, de Bento Gonçalves (RS), no Vale dos Vinhedos, foi a primeira do Brasil a criar um complexo turístico dentro de uma vinícola, no final da década de 70. Dentro da vinícola há uma pousada, com 24 apartamentos, quatro restaurantes e programações para que o visitante conheça de perto como o vinho é feito e como é uma plantação das uvas, já que os parreirais são o quintal da vinícola.
Segundo João Valduga, enólogo e sócio-fundador da Casa Valduga, em 2009, 84 mil pessoas passaram pela vinícola, mas apesar do número expressivo, o enoturismo não representa nem 10% do faturamento da empresa. “Não é lucrativo, pois os gastos para manter o negócio de pé são muito altos. Mas, por outro lado, conseguimos aumentar as nossas vendas”, disse. Nos últimos dez anos, US$ 25 milhões foram investidos para ampliação da vinícola.
O passeio pela vinícola é sempre acompanhado por um guia que explica desde como a uva é plantada até o momento em que o vinho é engarrafado. Durante a visita, uma taça de espumante é servida aos hospedes dentro do depósito onde os vinhos adormecem. A casa não trabalha com grupo de excursões grandes, pois privilegia o contato mais próximo com seus clientes. “Queremos dar atenção aos nossos visitantes. Por isso o número é sempre limitado”, disse Valduga.
Há na região do Vale dos Vinhedos cerca de 30 vinícolas abertas à visitação. Desde 2007, a Don Guerino, na cidade de Alto Feliz, oferece o enoturismo aos visitantes da região. A vinícola recebe uma média de 400 clientes por mês, segundo Maicon Motter, diretor comercial da empresa. Ele afirma que 30% das vendas são originadas das visitações feitas pelos turistas. “Essa prática é muito importante para o setor porque fortalece a imagem do vinho nacional e fideliza os consumidores”, afirma o executivo.
Quem visita a Don Guerino, além de conhecer todo o processo de fabricação do vinho, também tem direito, dependendo do horário, a apreciar um belo pôr-do-sol, já que a vinícola está em uma das regiões mais altas da Serra Gaúcha. A vinícola foi projetada para que os visitantes não tenham nenhum contato com as máquinas e tudo é observado de cima de um mezanino. A visitação é gratuita e a degustação dos vinhos e espumantes também.
Futebol e pavões
Em uma antiga fábrica de tijolos está instalada a vinícola Dal Pizzol, a única a oferecer o enoturismo no distrito de Faria Lemos, em Bento Gonçalves. Com campo de futebol, pavões e outras aves que ficam soltas no quintal, a vinícola recebe cerca de 500 turistas mensalmente é chamada pelo seu sócio-fundador, João Baptista, de parque temático.
Uma das grandes atrações da Dal Pizzol são os parreirais com mais de 120 espécies de uvas plantadas de todo o mundo. Segundo Baptista, é gratificante poder aproximar as pessoas do mundo do vinho. “Quem visita a vinícola se sente no quintal de casa”, afirma Baptista, que gostaria de encontrar um sócio para construir uma pousada dentro do parque. “Eu cedo o espaço e a pessoa entra com o investimento”, afirma.
O fluxo de visitantes da região vem crescendo ano a ano. Em 2001, o Vale dos Vinhedos recebeu 45 mil pessoas, cinco vezes menos do que o número esperado para este ano. No mundo, o enoturismo é particularmente forte, como na França, Itália, Portugal, Austrália, África do Sul, Argentina, Chile e Estados Unidos. |
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