A informação sensorial, o conhecimento, a expectativa – e a espetacularização – influenciam se nós pensamos que um vinho é “bom”
Os provadores de vinho chineses derrotaram a equipe francesa no Campeonato Mundial de Degustação às Cegas no final de 2016. Os organizadores do evento chamaram a vitória chocante de um “meteoro no mundo do vinho”. A China atribuiu o seu sucesso ao conhecimento e à sorte.
A forma como se degusta um copo de vinho é influenciada por uma variedade de fatores, do cheiro a temperatura do ambiente, da aparência da bebida ao humor da pessoa no dia. Em um exemplo famoso, se você tingir um vinho branco de vermelho, ele tem um gosto completamente diferente (mesmo que o corante não influencie nisso) e a maioria dos degustadores não vai reconhecê-lo como um vinho branco. Mesmo quando se trata de um vinho branco de alta qualidade, uma vez que a coloração alimentar é adicionada, os especialistas dizem: “Eu não sei o que é isso, mas não é muito bom”.
A razão é que o nosso sistema de percepção funciona de acordo com as expectativas. Se você acha que um vinho será bom ou ruim, vermelho ou branco, o cérebro primordialmente vai degustá-lo dessa forma, independentemente do que os sensores da língua informam. É tão subjetivo que, na verdade, está mais próximo do que poderíamos descrever como “bom gosto” – uma combinação de informações sensórias, conhecimento – e um grau de espetacularização do processo.