
No papel, parece óbvio uma harmonização de um copo de Gewurztraminer com pato crocante e panquecas.
No entanto, a Itália, maior produtora de vinhos do mundo, está atrasada na luta pelas vendas na China, que se tornará o segundo maior importador mundial de vinho até 2020.
As vendas de Chianti, Pinot Grigio e outras amostras das mais de 300 denominações vinícolas da Itália representaram apenas cinco por cento dos US$ 2,4 bilhões de dólares de vinho que o país mais populoso do mundo importou em 2016.
Desse total, 44% do valor foi proveniente da França. Austrália, Chile e Espanha também estão à frente da Itália para seduzir os paladares da crescente classe média da China.
"É uma pena, os produtores italianos têm sido lentos para entrar no mercado", diz Andrew Tan, um dos maiores varejistas de bebidas da China com uma rede de mais de 1.000 lojas e uma plataforma on-line.
Tan foi na Feira Vinitaly, em Verona, com uma missão: encontrar vinhos italianos capazes de combinar o sucesso das populares marcas australianas como 'Jacob's Creek' e 'Yellow Tail' nas seções de entrada do mercado chinês.
"Estamos trabalhando para ajudar as grandes vinícolas na gestão de marca", conta. "Queremos cooperar com as marcas e promovê-las - é sobre isso que estamos falando com vários grandes produtores".
Tan também vê potencial para as vinícolas italianas menores a preços mais altos, e para os italianos Barolos, Brunellos e Amarones, uma vez que os investidores de vinho fino expandem seus horizontes além do Bordeaux e da Borgonha.
Educar consumidores em potencial é a chave, argumenta ele. "Os restaurantes italianos são importantes, mas devemos tentar trabalhar mais com os restaurantes locais, que é onde realmente há o grande potencial."
Combinar os aromas e sabores da comida chinesa com o vinho é notoriamente difícil. No Ocidente, os especialistas recomendam frequentemente vinhos aromáticos como Gewurztraminer.
No entanto, na China, é o vinho estruturado, seco e muitas vezes tintos tânicos com base em Cabernet Sauvignon que capturaram o mercado - contribuindo para o sucesso dos produtos da Austrália, Bordeaux e Chile.
Tan vê a próxima fase do desenvolvimento do vinho na China, relacionado com a evolução dos gostos dos consumidores. Ele vê os chineses se juntando a onda do Prosecco, que ocorre em muitos mercados de vinho maduro.
"As bolhas estão ficando mais populares. Prosecco não é muito caro para beber e eu acho que, apenas com um pouco de trabalho duro, ele pode dar um volume muito bom de vendas."
Fonte: AFP |