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01/11/2017
Sicilianos: os primeiros bebedores italianos de vinho
A descoberta de potes de vinho na região fez com que cientistas reavaliassem algumas crenças antigas.
Sicilianos: os primeiros bebedores italianos de vinho
Enquanto a Geórgia pode reivindicar o título de local do nascimento do vinho, uma descoberta recente na Sicília, Itália, fez cientistas repensarem a data de quando se começou a beber vinho na Itália.

Uma equipe da Universidade do Sul da Flórida (EUA) descobriu os restos de potes de terracota (argila cozida no forno) durante uma escavação arqueológica em uma caverna no Monte Kronio no sudoeste da Sicília e encontrou resíduo de vinho no fundo dos potes, mostrando que os proprietários originais dos potes estavam bebendo vinho há mais do que 6.000 anos.

Antes da descoberta, os cientistas acreditavam que a produção de vinhos se desenvolveu na Itália em torno de 1.200 A.C., mas a descoberta da equipe da USF parece ter empurrado essa data para trás em cerca de 3.000 anos.

"Ao contrário das descobertas anteriores que se limitaram a vinhas e, assim, mostrou apenas que as uvas estavam sendo cultivadas, nosso trabalho resultou na identificação de um resíduo de vinho", disse Davide Tanasi, o arqueólogo que liderou a pesquisa. "Isso, obviamente, envolve não apenas a prática da viticultura, mas a produção de vinho real - e durante um período bastante anterior".

Para dar uma ideia de quão cedo isso foi na história humana, é quase o mesmo tempo que os cientistas acreditam que os primeiros cavalos e galinhas foram domesticados.

A descoberta também sugere que pode haver alguma competição pelo título do berço da vinificação. A primeira evidência conhecida de vinificação foi encontrada em uma cavidade perto da pequena cidade de Aremi, na Armênia, em 2011. Isso também foi de 6.000 anos de idade, embora alguns dos traços encontrados nesse resíduo particular possam ter sido provenientes de romãs, que são comuns na Armênia, até o ponto de ser o fruto nacional. O achado da Sicília é importante, porque as romãs não cresceram na Sicília, então, o resíduo é definitivamente de vinho.

Para acrescentar a confusão sobre onde o vinho se originou, o país da Geórgia já reivindicou a honra para si. No ano passado, uma escavação na região sudeste de Kvemo Kartli encontrou resíduos de videiras e sementes de uva que datam de 8 mil anos atrás, ou seja, dos Tempos Neolíticos ou Período da Pedra Polida. No entanto, a descoberta da Sicília parece ser o resíduo de vinho real mais antigo até agora.

O enólogo local e historiador Alessio Planeta disse que a descoberta o encheu de alegria. "Antes disso, costumávamos pensar que a cultura de vinho na Sicília chegou com a colonização da ilha pelos antigos gregos", relata.

O achado sugere que beber vinho foi uma grande prioridade para os humanos antigos, colocando a vinificação antes do desenvolvimento da roda. Na verdade, precede a palavra escrita como a conhecemos por cerca de 800 anos e, portanto, presumivelmente, a primeira crítica de vinho.

Mas, no grande esquema de desenvolvimento humano, a vinificação ainda é uma prática infantil em comparação com a cerveja, que remonta a tempos entre 8.000 e 7.000 A.C.

Fonte: Wine-Searcher
 

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