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 As vinhas de alta altitude e de declive íngreme requerem mais mão-de-obra e dinheiro para serem cultivadas e são mais suscetíveis a certos estressores da vinha do que os vinhedos plantados em terras planas. Sabendo disso, a decisão da comunidade vitivinícola europeia de nomear a prática de "viticultura heróica" parece apropriada.
De acordo com Roberto Gaudio, presidente do Centro de Pesquisa, Estabilidade Ambiental e Avanço da Viticultura de Montanha (CERVIM), com base no norte da Itália, a viticultura heróica refere-se à prática de cultivo de uvas nos seguintes locais:
- plantadas a 500 metros (1.600 pés) acima do nível do mar, ou
- em encostas superiores a 30%, ou
- em terraços ou aterros, ou
- em ilhas pequenas com condições de crescimento difíceis.
Além da erosão, as vinhas de alta altitude e de alta inclinação são mais propensas a sofrer de estresse hídrico e seca, de acordo com Mathias Scheidweiler, do Departamento de Viticultura da Universidade Geisenheim, na Alemanha.
Ele explica que cultivar uvas para vinho nesses locais custa duas vezes mais do que cultivar em um lugar comparável nas planícies. Os custos fixos, como os imóveis, são mais baixos para essas propriedades, uma vez que as encostas são muitas vezes vistas como uma barreira para o desenvolvimento, mas os custos variáveis, como a poda e a aparagem, são maiores, porque o trabalho demora de 20% a 33% mais.
Scheidweiler disse que os produtores com quem ele fala não querem se afastar da viticultura heróica, mas buscam tecnologia que permita uma agricultura mais eficiente.
O pesquisador advertiu, no entanto, que fazer melhorias em uma área pode causar problemas em outra. Um estudo de 2016 mostrou que os sistemas mecânicos e as encostas íngremes apresentam maior risco de erosão e de estresse por seca.
Evidência histórica
Na década de 1950, a região alemã de Rüdesheim am Rhein tinha terraços menores com uma inclinação inferior e linhas orientadas a leste. Para facilitar a mecanização, os agricultores implementaram uma nova técnica de plantio que envolveu uma inclinação mais acentuada e linhas orientadas norte-sul. Mas o movimento aumentou as taxas de erosão, transpiração e estresse hídrico.
As linhas orientadas para o norte-sul também apresentaram maior variabilidade de temperatura ao longo do dia e a variabilidade da temperatura afeta a composição e sabores da uva.
Os dados compartilhados por Scheidweiler indicam que as vinhas com uma inclinação de 15% usam 10% mais água do que as vinhas plantadas em áreas planas, enquanto as vinhas plantadas em uma inclinação de 30% usam 26% mais de água.
Comunicando a mensagem
Dado o maior custo dos locais de alta altitude e alta inclinação, os preços das garrafas desses vinhos provavelmente começarão a um nível de preço mais alto. Scheidweiler disse que os clientes apreciam a viticultura de declive íngreme, mas a comunicação é necessária.
"Conseguimos maiores preços, comunicando com sucesso que as encostas íngremes causam maiores custos de produção", relata. "Os consumidores precisam saber por que seu vinho custa mais. Temos de ajudá-los a entender isso". |
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