Blog Meu Vinho

16/01/2019
Por que o vinho é bom para o seu coração?
É o álcool, o resveratrol ou ambos? Uma nova análise procura entender melhor como o vinho beneficia a saúde cardiovascular.
O vinho é mais saudável para o coração do que outras bebidas alcoólicas? O "paradoxo francês" - a observação de um vínculo entre o consumo regular de vinho e uma baixa incidência de doenças cardíacas em países como a França, onde as dietas são tipicamente altas em gorduras prejudiciais ao coração - estimulou uma série de pesquisas sobre vinho e saúde desde que ganhou a atenção internacional em 1991. Nas décadas que se seguiram, os estudos mostraram repetidas vezes que o consumo moderado de vinho tem, de fato, uma relação positiva com a saúde cardiovascular. Mas os estudos ainda precisam determinar se o álcool está por trás dos benefícios ou se é algo exclusivo do vinho tinto.

Alguns acreditam que o etanol no vinho - e cerveja e bebidas alcoólicas - é o que confere seus benefícios para a saúde, enquanto outros acham que são os componentes únicos do vinho (como o resveratrol, a quercetina e o ácido elágico) que são os responsáveis. Outros dizem que é uma combinação.

Em um esforço para fornecer alguma clareza, um grupo de pesquisadores da Universidade de Atenas e da Universidade Harokopio (ambos em Atenas, Grécia) realizou uma meta-análise de 76 relatórios científicos anteriores sobre os efeitos de longo prazo e agudos da saúde do vinho. A análise, publicada na revista científica Metabolism, analisou estudos sobre biomarcadores associados a doenças cardiovasculares, incluindo metabolismo lipídico, mecanismos hemostáticos, inflamação e metabolismo de glicose e insulina.

Eles selecionaram estudos que comparassem os efeitos do vinho contra outras bebidas alcoólicas ou contra a abstenção do álcool. A comparação dos resultados desses estudos ajuda a determinar se os benefícios vêm de compostos específicos do vinho (referidos no texto do estudo como "micro-constituintes") ou do etanol.

O vinho tem sido associado com o aumento dos níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL), o chamado "bom colesterol", que ajuda a reduzir o risco de doenças cardíacas. Depois de analisar os estudos sobre o metabolismo lipídico, os pesquisadores sugeriram que o aumento dos níveis de HDL estava associado ao etanol encontrado em qualquer tipo de bebida alcoólica, não apenas no vinho. (Eles também descobriram que em participantes típicos do estudo, um mínimo de cerca de 30 gramas de álcool por dia - equivalente a cerca de dois copos de vinho - parecia ser necessário para níveis mais elevados de HDL; em participantes diabéticos ou pós-menopausa, doses menores pareciam eficazes.) Dados sobre os efeitos do vinho em outros biomarcadores relacionados a lipídios, incluindo lipoproteínas de baixa densidade - o "colesterol ruim" - não foram conclusivos.

O sistema hemostático, que essencialmente controla o sangramento e os coágulos sanguíneos, pareceu ser positivamente afetado tanto pelo vinho especificamente quanto pelo álcool em geral. Os pesquisadores observaram que a agregação plaquetária parecia ser afetada positivamente pelos micro-constituintes do vinho, enquanto níveis mais baixos de fibrinogênio (uma glicoproteína envolvida em várias etapas do sistema hemostático) eram atribuídos ao etanol.

Da mesma forma, o endotélio (o revestimento celular dos vasos sanguíneos) também se beneficiou das propriedades antiinflamatórias do etanol e dos compostos específicos do vinho, embora os pesquisadores afirmaram que um resultado claro não poderia ser determinado.

Apesar do texto da análise concluir que o vinho realmente parece ter efeitos positivos nos diferentes sistemas que contribuem para a saúde cardiovascular, é difícil determinar as fontes exatas desses benefícios - álcool, resveratrol ou outros - de uma maneira metodologicamente sólida. A análise exige mais estudos controlados para explorar mais detalhadamente este tópico.

Fonte: Wine Spectator
 

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