Blog Meu Vinho

20/05/2020
Mudança climática é motivo de falha na safra de vinhos alemães
O aumento da temperatura fez com que as uvas não congelassem na videira durante o inverno ameno de 2019/20, impedindo a produção do famoso vinho doce.
Não haverá vinho de colheita tardia alemão produzido na safra de 2019/20, já que as temperaturas nas regiões produtoras de vinho da Alemanha estão muito quentes neste inverno.

Nenhuma das 13 regiões produtoras de vinho do país alcançou o valor de -7°C necessário para a produção do famoso vinho de sobremesa, feito de uvas que congelam enquanto ainda estão na vinha.

“Devido ao inverno ameno, a temperatura mínima exigida para uma colheita de vinho tardio não foi atingida em nenhuma região vinícola alemã. E também não se espera que os próximos dias tenham noites geladas'', explicou Ernst Büscher, do Instituto Alemão do Vinho (DWI).

É a primeira safra da história em que o vinho de sobremesa não foi produzido na Alemanha, e a falha da colheita de 2019/20 segue vários anos ruins para o vinho doce. De acordo com o DWI, apenas sete produtores puderam colher vinho de colheita tardia em todo o país em 2017/18, enquanto o inverno de 2014/15 foi tão suave que o vinho de sobremesa da safra de 2014 também é “uma raridade absoluta”.

O futuro também não parece muito brilhante. "Se os invernos quentes continuarem nos próximos anos, os vinhos de colheita tardia das regiões vinícolas alemãs logo se tornarão uma raridade ainda maior do que já são", prevê Büscher.

Desafios adicionais

O DWI afirma que outro problema para a produção de vinho de sobremesa tardia é que, nos últimos anos, as datas para uma possível colheita tardia - as épocas do ano em que a temperatura cai abaixo de 7°C - mudam cada vez mais para janeiro e fevereiro, enquanto as uvas tendem a amadurecer mais e mais cedo. "Como resultado, o período em que as uvas precisam sobreviver em um estado saudável até que uma possível colheita tardia de vinho fica cada vez mais longo", afirma o Instituto.

Um desafio adicional é criado quando os rendimentos em toda a colheita regular de uvas são baixos, o que diminui a disposição dos produtores de deixar as uvas penduradas na produção de vinho de sobremesa. "A quantidade de colheita tardia de vinho geralmente é apenas de 500 litros por hectare", diz o DWI.

Adaptação às mudanças climáticas

Cada vez mais, os produtores de vinho precisam considerar como se adaptar para enfrentar os desafios do aumento da temperatura, aponta o Mestre do Vinho Dirceu Vianna Júnior.

"Costumávamos rir de pessoas plantando no centro de Otago - muito frio pensávamos - e o mesmo para a Inglaterra", conta ele. Ele também observou a decisão tomada no verão passado de permitir diferentes uvas, incluindo Touriga Nacional, nos vinhos Bordeaux e Bordeaux Supérieur.

Um estudo recente descobriu que mais da metade das vinícolas do mundo pode ser inviável se o planeta aquecer em dois graus Celsius.

Fonte: Decanter
 

Receba ofertas exclusivas: Siga nossas Redes Sociais: