Blog Meu Vinho

16/09/2020
Crise de temperatura pode levar a um grande rearranjo da produção e demanda global de vinho
As consequências econômicas desse cenário podem ser tão graves que testarão a ordem socioeconômica mundial.
A vinicultura e a produção de vinho em todo o mundo poderão parecer muito diferentes nos próximos 30 anos, anunciou um especialista em mudanças climáticas, enquanto o planeta acelera em direção a uma crise de temperatura 50 anos antes do esperado.

O cientista Patrice Geoffron alerta que se o Acordo de Paris falhar, o mundo poderá enfrentar aumentos de temperatura que excedem o limite estabelecido para 2100 em 2050, significativamente mais cedo do prazo definido nos termos do acordo.

As consequências econômicas desse cenário podem ser tão graves que testarão a ordem socioeconômica mundial, afirma Geoffron, diretor da equipe Energia-Clima da Universidade Paris-Dauphine, com terríveis consequências para o mundo do vinho.

Atualmente, 7,5 milhões de hectares de vinhedos estão sendo cultivados em todo o mundo, contendo 2.500 denominações geográficas e cerca de 10.000 variedades de vinho.

A Espanha pode reivindicar a maior área de vinha do mundo, com 1 milhão de hectares.

O cultivo da videira é particularmente importante para a Europa, que é o principal setor agrícola, responsável por 61% do volume mundial.

Nos últimos anos, a China emergiu como a segunda maior área com videiras.

Em outros lugares da Europa, a França é o principal país de exportação do continente em valor, o segundo maior país consumidor e o terceiro maior produtor de vinho orgânico.

A Itália é o maior produtor da Europa em volume, enquanto a Espanha é o principal país de exportação em volume e a Alemanha o principal importador em volume.

As Américas do Norte e do Sul estão crescendo em importância, lideradas pelos EUA, que agora é o maior consumidor de vinho do mundo em volume e o principal importador de vinho em valor.

A Austrália, quinta maior produtora de vinho do mundo, vende 70% de seus vinhos por meio de supermercados.

A recente pesquisa da Vinexpo/IWSR aponta que a Austrália continuará a ser o principal fornecedor do Reino Unido, embora mostre um declínio de 23,6 milhões de garrafas em 2017 para 18,8 milhões até 2022.

Na Grã-Bretanha, a área de cultivo de vinho deverá crescer de 2.500 hectares para 18.000 em 2040, a maior parte produzindo vinho espumante.

No entanto, Geoffron questiona o futuro quando se trata de mudança climática e seu impacto no Reino Unido.

Ele diz: “Embora novas áreas favoráveis à viticultura estejam surgindo (o sul da Grã-Bretanha, por exemplo), sugestões de futuros Eldorados merecem ser examinadas criticamente”.

Os fatores de estresse incluem o aumento da concorrência de regiões tradicionais que se adaptam e melhoram seus vinhos, demanda global incerta e uma economia global mais instável, o que significa que não há garantia de que novas áreas de produção se tornarão firmemente estabelecidas.

Os comentários de Geoffron são parte de um estudo realizado para o primeiro Simpósio Vinexpo, chamado Act for Change.

Fonte: Harpers
 

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