Blog Meu Vinho

03/11/2021
Uma segunda vida para as sobras de cascas de uva de vinificação
Um estudo descobriu que o bagaço - as cascas, caules e sementes da uva deixados para trás após a vinificação - contém compostos que podem ser usados em suplementos saudáveis
Enquanto vinicultores e cientistas buscam maneiras de aumentar a sustentabilidade das práticas agrícolas e de vinificação, alguns procuram dar uma nova vida ao bagaço da uva. Este subproduto frequentemente esquecido da vinificação é responsável por milhares de toneladas de resíduos anualmente. Pesquisas anteriores sugeriram vários usos alternativos, de óleo de semente de uva a biocombustíveis e produtos de beleza. Agora, um estudo recente descobriu que este subproduto do vinho de cascas, caules e sementes pode ser um suplemento potencial para a saúde.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis descobriram que o bagaço das uvas Chardonnay contém quantidades significativas de oligossacarídeos, um tipo de carboidrato encontrado em uma variedade de tecidos vegetais e humanos. Estudos com oligossacarídeos descobriram que o composto ajuda a promover a saúde imunológica e intestinal. É um ingrediente do leite materno que alimenta uma cepa de bactéria nos intestinos dos bebês que ajuda a construir imunidade contra doenças e enfermidades

Historicamente, o bagaço tem sido usado para fazer um vinho diluído chamado piquette. Apreciado pelos trabalhadores da colheita, a bebida com baixo teor alcoólico é feita pela mistura de bagaço e água. Alguns produtores de vinho também encontraram uso para compostagem ou para ração animal. Como o bagaço pode representar até 30% do peso total de uma uva, seu descarte apresenta algumas preocupações ambientais. Numerosos esforços foram feitos para encontrar alguns usos alternativos.

O novo estudo, liderado pela professora de ciência de alimentos Daniela Barile e pela candidata a mestre e autora principal Amanda Sinrod, procurou resolver o problema do lixo determinando quais compostos benéficos no bagaço podem ser aproveitados. "É tudo uma questão de produção de vinho sustentável e encontrar uma segunda vida para as uvas para vinho", destaca Barile. "Os primeiros resultados são encorajadores de que o bagaço pode ser uma fonte valiosa de oligossacarídeos e outros compostos que apoiam a saúde e nutrição."

A equipe fez parceria com a empresa Jackson Family Wines and Sonomaceuticals para desenvolver novas ideias de sustentabilidade. Eles coletaram bagaço de Chardonnay de Jackson e testaram a composição molecular. Eles descobriram que os níveis de oligossacarídeos eram maiores do que aqueles encontrados no vinho acabado.

"Ficamos surpresos com a diversidade de oligossacarídeos nas uvas para vinho Chardonnay, incluindo a presença de elementos estruturais encontrados no leite materno", revela Sinrod.

Os resultados apresentam uma descoberta interessante, pois pode abrir a porta para novos suplementos de saúde que utilizam materiais que, de outra forma, poderiam ser desperdiçados. "Há mais pesquisas a serem feitas", acrescenta Barile. "Mas os primeiros resultados são promissores de que o bagaço Chardonnay pode se tornar uma fonte para o desenvolvimento de suplementos e outros produtos alimentícios para apoiar a saúde."

Fonte: Wine Spectator
 

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