Cientistas encontram novas pistas para doenças de bilhões de dólares nas videiras
Os amantes do vinho e os proprietários de vinhedos podem brindar a um possível novo avanço na batalha contra doenças dispendiosas do tronco da videira
Novas pesquisas sobre doenças do tronco da videira mostraram como os fungos podem colaborar para atacar uma videira por meio de uma espécie de “bomba extracelular”.
Os antioxidantes podem ajudar as vinícolas a reagir, informou o grupo internacional de pesquisadores liderado pela Universidade de Massachusetts Amherst, nos EUA.
As doenças do tronco da videira (GTD) têm sido uma preocupação crescente para os proprietários de vinhas nas últimas décadas. Quase 20% dos vinhedos do mundo foram afetados, relatou a International Organization for Vine & Wine em 2015.
Uma estimativa de 2012 descobriu que os GTDs foram coletivamente responsáveis por US$ 1,5 bilhão em danos econômicos anuais em todo o mundo, disseram os autores da nova pesquisa, publicada nas revistas Fungal Biology e Frontiers in Plant Science.
Eles analisaram fungos associados à morte de Eutypa e Esca, duas formas complexas e proeminentes de GTD, e relataram como os consórcios de fungos são capazes de invadir as células de uma videira.
Os fungos causadores de GTD normalmente entram em uma videira através de feridas de poda. Um dos compostos liberados pelos fungos na madeira da videira é responsável pela redução do teor de ferro, afirmaram os pesquisadores. Outro conjunto de pequenos compostos, por sua vez, produz peróxido de hidrogênio.
“Quando o peróxido de hidrogênio encontra o ferro reduzido – Boom – a reação libera uma série de radicais de oxigênio que danificam o tecido lenhoso”, explica Barry Goodell, professor de microbiologia da Universidade de Massachusetts Amherst e autor sênior do artigo. “Uma vez que as paredes das células são rompidas, os fungos podem se deliciar com o fluido rico em açúcar que já foi a estrutura celular que sustentava o próprio crescimento da videira.”
Isso sugere que uma possível correção poderia incluir antioxidantes e “quelantes de baixa toxicidade”, para interromper o processo.
“Existem algumas bactérias e fungos selecionados que produzem esses compostos antioxidantes e quelantes”, relata Goodell. “Nossa pesquisa mostra que podemos gerenciar e interromper os GTDs por meio de tratamentos de "biocontrole", aumentando a presença natural desses organismos antagônicos nas videiras.”
Mais pesquisas são necessárias. “Os patologistas de vinhedos precisam testar nossa pesquisa em campo, e outros microbiologistas vão querer verificar nosso trabalho”, prevê Goodell.
Ele acrescentou: “Mas já temos colegas como parte de nossa equipe maior que está fazendo isso, e estamos confiantes de que esta pesquisa representa um avanço na maneira como entendemos essa doença devastadora dos vinhedos e como controlar essa devastação.”
A investigação sobre as GTDs está em curso e as autoridades e entidades vitivinícolas emitiram orientações sobre formas de mitigar, controlar e detectar diferentes tipos de doenças da vinha neste grupo.